Contam os nossos antepassados que um certo dia, alguns tropeiros vinham de Conquista indo a outros centros buscar sal para os animais. Próximo ao Ribeirão da Babilônia, que era a princípio um local de pouso dos tropeiros, resolveram dar um alivio aos animais que estavam exaustos. Um deles, chamado Zeca Limírio, percebeu que seus animais tinham fugido ao alcance de sua visão rumo a uma pequena elevação que se formava ao norte do ribeirão. Subindo pela elevação, descortinou uma linda e aprazível lagoa, onde os animais se alojavam tranqüilamente, deliciando-se de sombra e água fresca. Este foi possivelmente o primeiro contato de um tropeiro com a nossa lagoa, até então totalmente selvagem.

Algum tempo depois, um outro tropeiro chamado Valdemar de Almeida Barbosa, que foi um dos que deixaram manuscritos em um diário de suas viagens, a certa altura de seus escritos narrava: “com a longa viagem pela estrada real que demanda ao sertão do Paracatu, os tropeiros batiam pousada em vários pontos, pois era impossível prosseguir adiante naquele dia”. Descreve ainda, um local onde alimentavam a tropa e descansavam, apreciando a bela paisagem dominada pela vegetação dos campos mineiros, tendo ao fundo frondosas árvores nativas, circundando uma bela lagoa. Neste lugar, narra o tropeiro, cozinhavam os alimentos, refaziam suas energias e faziam descansar as mulas cargueiras.

O ponto de parada era aprazível, desabitado, de terra fértil, com água pura e abundante, fatores estes convidativos para estabelecerem ali a sua morada. O lugar que o tropeiro tanto apreciou, foi chamado inicialmente de LAGOA DAS ÉGUAS (outros diziam que se chamava LAGOA DOS TROPEIROS), que depois vira a ser Lagoa Formosa. Começava aí a ser escrita a história específica do lugar.

O primeiro morador oficialmente instalado foi o Sr. Pacheco de Araújo, que se fixou provavelmente à margem do Ribeirão da Babilônia, local hoje fora do perímetro urbano, porém muito próximo à cidade. O local provável da sede do Sr. Pacheco foi próximo à ponte da BR 354, margeando a direita do ribeirão.

Como a estrada real passava nos limites de sua propriedade, fazia com que muitos tropeiros ali parassem para troca de prosas ou mesmo barganhas de produtos, o que era muito comum naquela época. O movimento era grande, e fez ali instalar outras famílias já mais próximas à lagoa. Era um tropeiro que resolvera aposentar suas andanças, outro que ali deixa sua família e seguia viagem, e por aí vai.

O lugar cresceu. O seu desenvolvimento social, político e econômico revestiu-se de características semelhantes às de outros vilarejos: “ambiência patriarcal”. Dessa forma, ano após ano, ver-se-ia instalando em torno da fé e do trabalho, a comunidade viva.

Em 8 de junho de 1858, a lei 878 criou o distrito de NOSSA SENHORA DA PIEDADE DE ALAGOA FORMOSA (alguns escritos trazem LAGOA), sob a tutela da freguesia de Patos de Minas.

Em 10 de outubro de 1858, foi lavrada a escritura de doação do patrimônio, assinada já por Manoel Simões de Lima e Dª Francisca Maria Siqueira, sucessores de José Manuel de Santana.

Vinte anos depois, em 4 de novembro de 1878, a lei 2656 elevava o distrito à freguesia, ficando desmembrado da freguesia de Patos de Minas. (Não se deve confundir com emancipação política). Criava-se a Paróquia de Nossa Senhora da Piedade.
Havia na época, dois pontos destacáveis no povoado: A Casa de Oração e a lagoa d’água.

Com o progresso do local, fazendo com que as coisas se tornassem mais fáceis, a aquisição de produtos de outros locais não era mais tão necessária, o movimento dos tropeiros logo cairia em decadência, fazendo com que isto fosse motivo para a 1ª crise econômica e social do local. Não havia tanta circulação de encomendas e informações, e não havia circulação de dinheiro em espécie.

Os tropeiros lá se foram, deixando marcas que o tempo jamais conseguirá apagar.

Os moradores mais apaixonados pelo lugar procuraram logo esconder a alcunha “LAGOA DAS ÉGUAS”. Só que apenas cerca de meio século depois, o local mudou de denominação, vindo a ser chamado de LAGOA FORMOSA em 17 de dezembro de 1938 pela lei 148, nome que os moradores já falavam há muito tempo e que até hoje impera.

O maior intercâmbio cultural do lugar foi com Patrocínio, Santana de Patos e Patos de Minas. É inegável a participação principalmente de Patrocínio e Patos de Minas na nossa história. Os costumes, as tradições, e a cultura tiveram influencia destas cidades que a esta altura já tinham uma certa estrutura. Podemos dizer que estivemos ligados umbilicalmente a Patrocínio, espécie de metrópole regional, e certamente de lá herdamos muitas qualidades que passaram a integrar definitivamente a constituição social de nosso povo.

A criação da cidade deu-se em 20 de Dezembro de 1962, pela lei municipal 2.764, e sua instalação deu-se no ano seguinte, no dia 1º de março de 1963, ficando este dia denominado como “DIA DA CIDADE”, ocasião em que foi designado pelo governador de estado de Minas Gerais, e tendo como intendente o Sr. Leoncio Nunes Alvares, que governou o município deste dia até 1º de Setembro do mesmo ano, quando tomou posse o 1° prefeito de Lagoa Formosa, o Sr. Geraldo Mundim dos Reis.

Através da Lei nº 206 de 27 de março de 1981, o dia 1º de março, data da instalação do primeiro Governo Municipal, ficou instituído como “DIA DO MUNICÍPIO”, em substituição à data de 20 de Dezembro, dia da emancipação de Lagoa Formosa, devendo ser comemorado, segundo a lei, condignamente todos os anos pelo município. Nesta mesma Lei ficou instituído o dia 8 de Setembro como o “DIA DA PADROEIRA MUNICIPAL”, por ser consagrado a “Nossa Senhora da Piedade”, padroeira do povo lagoense desde as origens da povoação. Por esta razão, foi incorporado à Heráldica Municipal, Brasão e Bandeira, pela Lei nº 153/78.